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Especial Sucessão: Quem é o cardeal da África do Sul, Stephen Brislin, cotado para ser o novo Papa

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O cardeal Stephen Brislin, atual arcebispo de Joanesburgo, tem se destacado na Igreja Católica por sua liderança pastoral e posições progressistas. De ascendência escocesa e irlandesa, Brislin nasceu em Welkom, África do Sul, em 24 de setembro de 1956. Ao longo das últimas décadas, consolidou-se como uma das vozes mais influentes da ala liberal da Igreja na África Austral.

Formado em psicologia, filosofia e teologia em instituições da África do Sul e Europa — incluindo a Universidade de Louvain e o progressista Instituto Missionário de Mill Hill — Brislin foi ordenado sacerdote em 1983. Sua trajetória no episcopado começou com a nomeação como bispo de Kroonstad em 2007 pelo Papa Bento XVI. Pouco tempo depois, em 2009, tornou-se arcebispo da Cidade do Cabo.

Durante seu mandato, Brislin atuou como presidente da Conferência Episcopal Católica da África Austral entre 2013 e 2019. Participou dos Sínodos sobre a Família (2014 e 2015) e ganhou respeito por seu engajamento em temas sociais, como combate à pobreza, defesa de migrantes e promoção da dignidade humana.

Em 2023, o Papa Francisco o criou cardeal, conferindo-lhe o título de Cardeal-Sacerdote de Santa Maria Domenica Mazzarello. No ano seguinte, Brislin foi nomeado arcebispo de Joanesburgo e, em 7 de agosto de 2024, voltou à presidência da Conferência Episcopal do continente.

Reconhecido por sua abertura a grupos historicamente marginalizados, Brislin permitiu a reintegração de organizações dissidentes que defendem, entre outros pontos, o sacerdócio feminino e o fim do celibato obrigatório. Em 2022, a arquidiocese publicou um relatório como parte do Sínodo sobre a Sinodalidade, defendendo mudanças significativas na estrutura hierárquica da Igreja e abordagens mais inclusivas quanto à sexualidade, família e magistério moral.

“O Espírito Santo da Esperança estará com todos nós à medida que avançamos na fé”, dizia o documento, que apresentava duras críticas à rigidez institucional da Igreja. Para muitos, o relatório representou uma das posturas mais abertamente heterodoxas já adotadas por uma arquidiocese africana.

Além do aspecto teológico, Brislin também tem se dedicado a causas sociais. Ele visitou a Faixa de Gaza em 2018 como parte de um esforço intercontinental por paz, e liderou peregrinações pela Cruz do Sul em países como Israel, Egito, Itália e Portugal. Em 2023, recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Liderança Pastoral pela Escola de Teologia Oblata, no Texas.

Apesar do respeito que conquistou, o número de vocações religiosas sob sua liderança caiu cerca de um terço em sua longa passagem pela Cidade do Cabo, refletindo os desafios de sua abordagem pastoral em contextos tradicionalmente mais conservadores.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de um futuro conclave, Brislin admitiu que, embora seja tecnicamente elegível, não se vê com a mesma estatura intelectual de outros cardeais: “Sou muito pequeno em comparação a alguns desses verdadeiros gigantes… como o arcebispo Fernández, que escreveu centenas de livros”.

Mesmo assim, o cardeal sul-africano continua sendo uma figura de peso, especialmente para os que defendem um novo caminho para a Igreja Católica — mais sinodal, menos hierárquico e radicalmente comprometido com a inclusão e a justiça social.

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