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Saúde

Condições de trabalho precárias em ambientes com segurança inadequada aumentam o risco de acidentes e doenças ocupacionais

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Especialista aponta que investir em medidas preventivas não é apenas uma responsabilidade ética, mas, sim, uma decisão inteligente do ponto de vista empresarial

De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), quase três milhões de casos de doenças ocupacionais foram atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2007 e 2022. De todas as notificações, 52,9% têm relação com acidentes de trabalho graves; 26,8% geradas pela exposição a material biológico; 12,2% devido a acidente com animais peçonhentos e 3,7% por lesões de esforços repetitivos (LER). Foram mais de 390 mil casos notificados de doenças relacionadas ao trabalho no ano passado.

Segundo o ortopedista Antônio Alves, mudanças no ambiente de trabalho estão entre as razões para o aumento desse problema. O médico comenta que os avanços tecnológicos e os novos padrões geram problemas ergonômicos e psicossociais, como a má-postura, por exemplo, devido ao trabalho remoto. Além disso, outras causas são a competitividade e a pressão por resultados, que levam a jornadas mais longas e ao estresse, contribuindo para esgotamento físico e mental. “A falta de conscientização pode agravar a situação, já que os trabalhadores podem não estar cientes dos riscos à saúde ou não receber treinamento adequado sobre práticas seguras”, alerta.

Lesão do esforço repetitivo (LER)

Conforme o Ministério da Saúde, o problema é causado pelo desempenho de atividade repetitiva e contínua, como tocar piano, dirigir caminhões, fazer crochê, digitar. Em alguns casos pode ser entendida como uma doença ocupacional e ocorre sempre que houver incompatibilidade entre os requisitos físicos da atividade e a capacidade física do corpo humano.

Dr. Antonio Alves - Foto divulgação

Dr. Antonio Alves – Foto divulgação

O ortopedista explica que isso pode resultar em dor crônica, limitações funcionais, diminuição da qualidade de vida, riscos de lesões graves, impacto financeiro, estresse e absenteísmo — ausência, falta prolongada e repetida de certos trabalhadores. Pode ser provocado por motivos de saúde ou fatores comportamentais, como estresse e pressão no trabalho.

Políticas preventivas

O especialista diz que medidas preventivas incluem avaliação ergonômica, treinamento em ergonomia, rotação de tarefas, modificação do ambiente de trabalho, pausas, alongamentos, programas de condicionamento físico, além da participação dos trabalhadores na gestão do estresse e monitoramento. No entanto, o médico destaca que a falta de políticas preventivas acontece devido a não conscientização, custos iniciais, regulamentação inadequada, cultura de segurança fraca e a ausência de recursos e capacitação. Ele chama atenção que governos e empresas devem adotar políticas robustas e reconhecer os benefícios de um ambiente de trabalho seguro. “Isso pode incluir fiscalização eficaz para garantir o cumprimento das leis, incentivos financeiros para empresas que investem em segurança e saúde no trabalho e programas de conscientização e capacitação”, finaliza.

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