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Atriz denuncia o despreparo de médicos ao lidar com pessoas trans

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atriz Gabriela Loran, que atualmente faz a Maitê na novela Renascer da Globo, usou suas redes sociais para desabafar sobre o despreparo de médicos ao lidar com a comunidade trans. No post publicado nesta quarta-feira (10), ela mostra que, nos seus últimos exames de sangue, seu gênero foi registrado como masculino. No carrossel de fotos, ela ainda colocou uma foto da sua certidão de nascimento retificada com o sexo feminino para reforçar seus direitos.

“Exames esses solicitados pelo endócrino que infelizmente não vai poder analisá-los pelo simples fato de não ter conhecimento o suficiente para me atender”, escreveu na legenda. A atriz esclareceu que o intuito da publicação não é se colocar como vítima, mas ressaltou o quanto é difícil viver no Brasil carregando o “fardo” de ser uma pessoa trans em uma sociedade tão despreparada.

“É tão desanimador buscar auxílio médico e se deparar com todas essas violências. Mas é aí que você percebe o motivo de muitas pessoas como eu não buscarem ajuda médica. É questão de saúde pública, médicos desumanizados, despreparados”, escreveu a atriz. Ela reforça no post que ela ainda tem o privilégio de ter plano de saúde – isso, no entanto, também não a impede de sofrer essas pequenas violências.

“O que eu faço agora? Pago um médico particular? Mesmo já tendo um plano de saúde? Vou no laboratório reclamar pelo “Masculino”? Deixo tudo isso de lado e ignoro minha saúde? São tantos desgastes”, desabafa.

“Sigo aqui sem saber o que fazer e um tanto exausta de tudo isso. Por que toda vez que entro em um consultório médico, já entro com aquele frio na barriga e pronta para me defender. É um estado de alerta constante”, finaliza

Os direitos e desafios das pessoas transexuais na saúde

O problema relatado por Gabriela não é novidade ou um caso isolado. A população LGBTI+, em geral, ainda sofre dificuldades de acesso aos serviços de saúde, por causa de preconceitos e discriminações que se dão de forma estrutural e institucional.

Como explica a cartilha de Transexualidade e Travestilidade na Saúde, elaborada pelo Ministério da Saúde, grande parte da população trans só passou a usufruir do SUS (Sistema Único de Saúde) após a epidemia de AIDS, no anos 80. Antes disso, era ainda mais difícil incentivar uma travesti ou pessoa trans a cuidar da sua saúde nos serviços. Elas só buscavam ajuda em últimos casos, quando não existia cura com a automedicação.

“O processo de automedicação acontecia porque elas já sabiam que seriam discriminadas nos serviços. Por esse motivo, nem procuravam

os serviços de Saúde para constatar a veracidade da informação”, explica o documento.

Com o apoio e o movimento de organizações da sociedade civil e coletivos, políticas públicas de assistência em saúde foram construídas para atender melhor a comunidade e suas necessidades. A implementação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, instituída pela Portaria nº 2.836, de 1° de dezembro de 2011, foi “um divisor de águas para as políticas públicas de saúde no Brasil e um marco histórico de reconhecimento das demandas desta população em condição de vulnerabilidade”.

Entre as diretrizes da Política Nacional de Saúde Integral LGBT, está a garantia dos direitos sexuais e reprodutivos e o respeito ao direito à intimidade e à individualidade, além de protocolos de atenção contra a violência, considerando a identidade de gênero e a orientação sex

ual. Na prática, ainda há muito que avançar, tendo em vista que a comunidade ainda enfrenta muitas discriminações e violências nos locais de assistência em saúde, como relatou a atriz Gabriela Loran.

O público LGBTI+ precisa ser acolhidos e respeitados em suas demandas e identidades pelos profissionais da saúde. Os gestores precisam pensar em formas de solidificar as políticas já implementadas e pensar em novas formas de agir para cuidar de todes, assim como ter pessoas LGBT trabalhando dentro desses espaços. E a nossa galera e toda sociedade precisa denunciar e combater esse preconceito, certo?

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